Já cansou de participar de encontros que parecem incríveis no feed, mas que na vida real não viram história nenhuma? Você sai com uma foto bonita, talvez alguns stories… mas volta pra casa com a sensação de que nada realmente aconteceu.
A verdade é que a gente passou a confundir comunidade com engajamento. Quantidade de views com profundidade de vínculo. Participar de uma live, mandar um gif no grupo ou responder um story virou o “novo social”. Só que no fundo, o que a gente mais quer é outra coisa: pertencimento.
A cultura digital nos deu acesso a todos os tipos de tribo
Desde comunidades de true crime até gente que compartilha o mesmo gosto por pão fermentado ou tarot. Mas nem sempre isso vira relação. Seguimos, reagimos, mandamos emoji… e ainda assim sentimos que ninguém realmente nos conhece. O pós-pandemia escancarou isso. A gente viu que estar online não sustenta afeto. E foi aí que começou a crescer um movimento silencioso: o retorno ao micro.
Clubes de leitura com cinco pessoas. Grupos de corrida que se encontram sem postar nada. Cafés onde o uso de celular é proibido. Oficinas de arte, rodas de conversa, hortas comunitárias. Uma nova forma de estar junto, onde a pauta é simples: a vida como ela é. De acordo com a Vogue Business, eventos offline crescentes na Europa e nos Estados Unidos mostram que o tal do digital detox não é só uma moda — é uma necessidade emocional. Só na Estônia, por exemplo, encontros presenciais aumentaram 25% em 2024. As pessoas estão voltando a procurar o toque, a voz, o olho no olho.

E isso não é saudosismo.
É instinto social. Porque no final do dia, o que constrói vínculo não é o conteúdo que você compartilha, é a presença que você oferece. Gente que te ouve. Que te chama. Que aparece. E isso não se cria num grupo de broadcast.
A boa notícia? Você não precisa de estrutura, dinheiro ou muito tempo pra começar uma microcomunidade. Pode ser um café semanal, uma caminhada no parque, um encontro pra jogar conversa fora. O ponto não é o evento — é o espaço que se abre entre uma notificação e outra. É a pausa que vira encontro. O silêncio que vira escuta. O riso que não precisa ser filmado.
E se você tá sentindo que tá todo mundo conectado demais e presente de menos… talvez seja você o próximo a puxar esse movimento. Faz o teste. Escolhe um tema, um lugar e duas pessoas. Manda um “bora”. E vê o que acontece.
Talvez seja só mais um encontro qualquer. Ou talvez, seja o começo de uma comunidade de verdade.