Tem algo que acontece quando a gente se junta que nenhuma notificação é capaz de reproduzir.
Pode ser um jantar com amigos, um show pequeno num bar escondido, uma roda de conversa que começa tímida e termina em gargalhada. Por mais que o digital tente simular isso com emojis, gifs e reações, o que é compartilhado presencialmente tem outro tipo de calor. E esse calor faz bem. De verdade.
Em tempos em que o consumo de conteúdo virou o novo entretenimento e o algoritmo dita o ritmo do nosso dia, se reunir com outras pessoas ganhou status de luxo. Só que não deveria. Estar com outras pessoas, rir de algo ao mesmo tempo, trocar olhares e até se entediar junto — tudo isso nutre nosso senso de pertencimento. E pertencimento não é luxo, é necessidade básica.
Pesquisas da Harvard Business Review mostram que 57% das pessoas que participam de eventos sociais curtos — como rodas de conversa, workshops ou encontros em cafés — relatam aumento no humor e na motivação nos dias seguintes. Não é sobre quantidade de gente. É sobre o tipo de troca. Quando você fala com alguém olhando no olho, seu corpo libera ocitocina, o “hormônio do afeto”, que regula estresse, ansiedade e sensação de segurança. Quando você dá uma risada em grupo, seu cérebro entende: “eu não tô sozinho”.

Eventos sociais fazem isso com a gente.
Mas nem sempre foram prioridade. A gente aprendeu a substituir a reunião pelo Zoom, a conversa pelo grupo do WhatsApp, o encontro por uma live. E isso funcionou — até parar de funcionar. Porque tem coisa que só acontece ao vivo. Como saber o tempo da fala do outro. Como perceber um silêncio que precisa de abraço. Como entender uma pausa que não seria captada por texto.
E mais do que isso: tem a criação de memória. A gente não lembra do conteúdo de uma live, mas lembra de uma piada interna contada num rolê. Lembra da pessoa que ofereceu água. Do toque no ombro. Do “vamos fazer isso de novo?”. A vida se constrói nesses microgestos — e os eventos presenciais são como catalisadores dessa química.
A cultura digital pode até facilitar o contato.
Mas quem sustenta o bem-estar coletivo ainda é o encontro real. A risada compartilhada. A dúvida em voz alta. O corpo presente. A escuta ativa. Não é sobre romantizar o offline. É sobre lembrar que é nele que a gente se cura. Se apoia. Se sente parte.
Então se você tá esperando o momento certo pra reunir gente… talvez ele já seja agora. Convide duas pessoas. Escolha um lugar. Crie um motivo — ou vá sem motivo mesmo. E observe o que acontece. Não precisa virar conteúdo. Só precisa virar memória.